Uma série de pesquisas divulgada nesta terça-feira (19) pelo Ministério da Justiça apresenta números e dados científicos que comprova algo que já é suposto. A segurança pública do Brasil "sofre de graves problemas de gestão" e é aplicada "de forma empírica" e muitas vezes caótica nos Estados, segundo informou, em entrevista, o ministro José Eduardo Cardozo, noticia o Estadão. "O empirismo (derivado) da falta de informações precisas resulta em ações malsucedidas e desperdício de dinheiro público. Historicamente, gasta-se mal o pouco dinheiro que se tem", disse Cardozo. As pesquisas revelam disparidades na estruturação da segurança dos estados, além de falta de recursos para o desenvolvimento das ações policiais. Enquanto em São Paulo, a Polícia Militar conta com 85 mil policiais e 136,2 mil armas, nos demais acontece o contrário. No Rio Grande do Norte e no Amazonas, por exemplo, existe uma arma para cada dois policiais. No Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Piauí e Paraíba, há um colete para cada quatro policiais. Em Roraima, nenhuma unidade da PM tem acesso à internet. Em Mato Grosso e Piauí, 56% das unidades policiais não possuem acesso à rede. Em estados como Bahia, Alagoas e Amazonas, esse índice chega a 50%. Ainda segundo o Estadão, as pesquisas foram divulgadas pela primeira vez em conjunto, fazem parte do Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pública e Justiça Criminal (Sinesp), que vai balizar a definição de políticas públicas no País de agora em diante. Os estados que não preencherem corretamente as informações sobre criminalidade vão ser punidos com a suspensão dos repasses de recursos federais, que somam mais de R$ 600 milhões ao ano. "O dinheiro federal não vai mais sair pelo ladrão", afirmou Cardozo.