Apesar de confiar na capacidade política do ex-prefeito Luiz Caetano (PT) e de alguns de seus operadores do governo estadual, o governador Jaques Wagner (PT) já teria mandado um aviso, da China: não quer ver nas manchetes, na hipótese de insucesso da prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria (PSB), na disputa pela presidência da UPB (União dos Municípios da Bahia), que seu governo foi derrotado. Chega de derrotas na conta do governo, acha, com toda a razão, Wagner.
O governador sempre deu pouca pelota para a entidade e para o discurso de que, bem manejada, poderia jogar papel decisivo na sucessão estadual. Foi assim em 2008, quando já contava dois anos de governo e abriu-se a corrida pelo comando da UPB. Contra muitos conselhos, não se opôs a que o PMDB garantisse a eleição do novo presidente da associação de prefeitos e comprovou, na prática, que a vitória peemedebista para a entidade não dificultou em nada a sua reeleição, dois anos depois.
Agora, da Ásia, Wagner teria acompanhado com certa desconfiança a publicidade sobre o fato de que muitas das articulações em favor de Quitéria estão sendo feitas abertamente no gabinete de sua secretaria de Relações Institucionais, além de a candidata contar com o apoio declarado de colaboradores importantes seus, a exemplo do chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Portanto, na visão do governador, melhor diminuir a carga, pelo menos pública, em relação ao empenho da administração estadual em favor da eleição da prefeita de Cardeal da Silva. Há um fato: Ainda não se sabe porque Quitéria amealhou tanto prestígio entre os governistas, mas a candidata o possui de verdade. Ela começou como uma “invenção” de Luiz Caetano, cujo mandato na presidência da UPB está terminando, mas aos poucos se tornou um “fenômeno” de popularidade no governo Wagner.
Os apoios a ela vão do próprio Rui Costa ao presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT), que gravou mensagem por telefone para pedir votos para Quitéria “ao amigo prefeito”. Em todo caso, há, entre os prefeitos, quem duvide que costas tão largas possam se traduzir em grande participação no dia da eleição, nesta quarta-feira.
Com a cabeça quente com problemas como a seca, queda nas receitas e outros fenômenos, como o Verão, quando muitos aproveitam para viajar, poucos prefeitos deverão dar as caras no dia da da eleição, segundo se prevê. Ainda é uma incógnita se são elementos que podem favorecer o candidato Wilson Cardoso, prefeito de Andaraí, que é do mesmo PSB de Quitéria, mas ousou contestar a mobilização governista em torno da concorrente. Não é por acaso que os amigos do socialista vêem no seu desafio uma luta semelhante à de Sansão contra Golias.
Blog: Politica Livre/Raul Monteiro
