quinta-feira, 28 de abril de 2011

QUANTO CUSTA UM HOMEM?


Um dia conheci um cidadão, negro, alto, calça jeans, camisa de malha. Falava alto em bom tom, o cara era praticamente o João Batista do século XX e, denunciava tudo de errado se indignava com a injustiça, puramente político, ideológico de essência e revolucionário de alma e assim seguia sua caminhada, mas em meados de 2011 ele criou um blog e apareceu “bem” na foto do outdoor, mas lembra que falei que ele era negro?
Pois é. Antes ele era do rádio, a sociedade o conhecia como tal e, radialista não tem formalidade, nem ao menos frescura. Mas agora estampado nas placas de madeira dos quatro cantos da cidade ele aparece com uma camisa social Ralph Lauren, um óculos de armação da volgue, uma gravata feita sob medida que veio diretamente da França e só faltou aparecer branco na foto porque o resto ele mudou tudo.
Tudo isso por conta de um caráter venal! Isso mesmo Bené é venal! E trago pra vocês a exposição de caráter volúvel por conta da mídia digital. Como, pois existirá mudança se o revolucionário agora é um produto que está acessível nas prateleiras do www.com?! Como mudaremos alguma coisa se tentamos mostrar as pessoas algo que não somos?
Somos fruto do batuque, filhos das lavadeiras, das cozinheiras, das mães do colégio daquelas que tinham em suas mãos as palmatórias, é isso que somos perder a originalidade pra que? Quantos ainda cairão nessa armadilha de abandonar sua essência pra se tornar um produto de mercado?
Agora, a moda é escrever “bonitinho”, simular conflitos pra dar Ibope e colocar uma gravatinha pra ser paparicado, como diz Lobão em uma de suas frases hilárias “babaquice não tem época”!
Por: Tiago Reis - Estudante filosofia UESC